Rachaduras, Trincas e Fissuras : Como Identificar os Riscos

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Veja o artigo abaixo:

Ao se constatar uma rachadura, trinca ou fissura em casa, é comum tentar diagnosticar ou até mesmo “solucionar” o problema com um pequeno serviço de reparo – tudo sem ajuda especializada. No entanto, estas incômodas marcas na edificação frequentemente apontam desde simples problemas às mais complexas patologias das edificações, são – como acontece quando ficamos doentes – sintomas. Assim, em qualquer situação, a avaliação de um profissional é essencial para uma correta identificação e eficiente intervenção, se necessária.

A classificação de uma abertura por rachadura, trinca ou fissura depende de sua dimensão. As fissuras são bem finas, quase imperceptíveis, enquanto a trinca é mais acentuada e com poucos milímetros de abertura. Do mesmo modo que a trinca, a rachadura ocasiona uma ruptura do material onde ela se encontra, mas sua magnitude é bastante profunda, chegando ao ponto de possibilitar a visão através da estrutura.

Geralmente, encontrar uma rachadura em uma parede causa mais preocupação do que a presença de fissuras e trincas na pintura ou na massa corrida. Mas é importante sempre estar atento e observar. O diretor da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), Jefferson Dias de Sousa Junior, ressalta que apenas um especialista pode avaliar se aquela tênue fenda pode vir a comprometer a estrutura da casa ou não.

O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape) – de São Paulo -, Flavio Figueiredo, alerta para aquelas tentativas de conserto realizadas sem uma consulta prévia. “Não faça reparos antes de ter um diagnóstico, porque você pode mascarar o problema através do tratamento paliativo”.

 

Do simples ao mais complexo

 

A ocorrência destas aberturas pode estar relacionada a diferentes razões, das menos complexas, como uma simples retração da argamassa, até um problemático recalque de fundação. Entenda algumas causas:

Retrações: o concreto, a argamassa ou o gesso podem ter seu volume reduzido devido à perda de umidade. A retração por secagem pode resultar, por exemplo, no aparecimento de fissuras em uma superfície recentemente endurecida de uma laje de concreto.

Solicitações térmicas: a exposição ao sol de algumas partes da casa pode determinar uma manifestação de movimento e reajuste entre a alvenaria e a estrutura. Assim, a variação de temperatura pode dilatar uma laje de cobertura e na ligação com os blocos de concreto as fissuras acabam por surgir.

Recalques: quando se realiza uma obra em um terreno, ocorre o “assentamento” dos materiais em maior ou menor grau sobre o solo. O recalque (ou acomodação) diferencial é o movimento de distintas partes da estrutura devido a uma acomodação irregular ou a uma deficiência na fundação – aquela parte mais baixa do edifício ou construção que sustenta e firma a superestrutura. Nesses casos, a ocorrência de rachaduras mais sérias e profundas é comum e demandam maior atenção.

 

Avaliação especializada

 

Qualquer que seja sua dimensão, a ocorrência de uma abertura é uma anormalidade da edificação. Aparentemente não tão problemáticas, as fissuras são, porém, um ponto vulnerável. Dessa maneira, uma pequena fenda, por exemplo, pode ocasionar infiltrações, bolhas na pintura e problemas no revestimento.

A análise técnica de um engenheiro civil avalia a gravidade do problema. “O especialista saberá, por exemplo, se ali cabe uma solução paliativa ou uma intervenção mais rigorosa”, explica Dias de Sousa.

Por outro lado, se você mora em apartamento, não esqueça que o condomínio deve zelar pela estrutura do edifício como um todo. Se identificar uma rachadura, fissura ou trinca em sua residência, sempre procure o síndico para registro e orientação quanto ao problema. As rachaduras podem estar relacionadas a um elemento estrutural do prédio, sendo assim, de responsabilidade do condomínio.

Figueiredo explica que, na avaliação três características são importantes: o tipo de abertura, a localização e a evolução. Por isso, observe e acompanhe visualmente a dimensão da fissura, trinca ou rachadura. Um truque é fazer marcas na fenda e datar o desenvolvimento da abertura. Após alguns dias, verifique se o rachado evoluiu ou se estabilizou. No momento do diagnóstico técnico, repasse estas informações ao profissional.

Porém, em casos onde a evolução é intensa e rápida, não perca tempo. Especialmente em épocas e locais em que as construções estão sobre terrenos instáveis e vulneráveis – como encostas – a observação evolutiva de uma rachadura profunda deve ser ainda mais atenta e a ocorrência precisa ser notificado à guarda-civil, além dos engenheiros.